sábado, 19 de agosto de 2017

Quando estiver a usar “oko” e “aka” para interjeição, você estará a fazer tudo, menos acertar. É que tem crescido nos últimos tempos, principalmente na comunicação coloquial das redes sociais, o uso de duas interjeições da língua Umbundu, as quais pretendem transmitir simultaneamente admiração e reprovação. O que faz confusão para quem acompanha com alguma acuidade é que se multiplica e populariza cada vez mais a gralha. O correcto seria “hoko!” e/ou “haka!”, isso mesmo, com H, aspirado, correspondendo ao português “Irra!”, “caramba!”. “Oko” tem outra função, a de advérbio de lugar, quer dizer lá. Por exemplo, “kwende oko” (vai lá mais é). “Aka” também é pronome demonstrativo, quer dizer este ou esta, mas com conotação diminutiva. Por exemplo, “okamõlã aka” (esta criancinha).
Talvez seja já demasiado tarde para a presente chamada de atenção, olhando para a experiência negativa no que respeita ao uso por empréstimo de termos e expressões de origem africana (Bantu) à língua portuguesa. Geralmente, dada a velha questão de status inclinado, a língua portuguesa acaba impondo corruptela, na ausência de rigor ou interesse para um mínimo exercício de pesquisa sobre o sentido, grafia e uso correcto da palavra, como ocorre por exemplo com a palavra "kota" (irmão mais velho), que emprestada à língua portuguesa virou "cota", facilmente confundida com indicador estatístico.
Por favor, quando quiser usar as palavras para expressar admiração/reprovação, não coma o H, se faz favor. É “hoko!” ou “haka!”.

Gociante Patissa. Benguela, 17 Agosto 2016

Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa 2015

Vídeo | Lançamento do livro A Última Ouvinte by Gociante Patissa, 2010

Akombe vatunyula tunde 26-01-2009, twapandula calwa!

free counters

Popular Posts

Blog Archive